Quando a ponta dos dedos dele brota dos meus lábios molhados,
desliza e pára no furinho do queixo fazendo a voltinha sutil rumo ao pescoço, e ele me olha e tortura, quando o dedo médio tilinta feito um esquiador concentrado antes de descer a montanha e, entre suspiros, o indicador, o anelar e a ponta das unhas deixam rastros de arrepio nos meus mamilos, quando após voltas e voltas e intumescências, entre obstáculos de suor e o umbigo finalmente os dedos chegam no rio que deságua em mim, devia ter um dia em homenagem a isso.
‘Quando a destreza daquele homem maduro comanda o meu ritmo,
me diz aí, por que não criaram um dia para celebrar tal acontecimento?
Quando a língua morna e macia me lambe e descobre entrâncias, quando tudo o que vejo é o cabelo moreno dele confundindo-se com meus pelos, testa colada ao púbis, e tudo o que ouço são estalos esfomeados, talvez sedentos, da boca que se sacia nos lábios incapazes de beijar, mas que são beijados, quando os olhos dele erguem-se sobre o ventre e, subitamente encontram os meus e estremeço,
devia ter um dia pra isso.
Quando ele vem e não pára de vir, e tenta entrar e fujo, quando o meu riso se solta e o desejo dele se prende e me pertence, quando ele levanta de onde está e, erguido, me rege como um maestro, batuta na mão, quando corro nua pela sala, fêmea no cio, e o cheiro das velas de patchouli mescla-se aos aromas ferormônicos, quando as sombras dançam nas paredes e dançamos descalços, eu enlaçada, ele triunfante, quando a destreza daquele homem maduro comanda o meu ritmo, me diz aí,
por que não criaram um dia para celebrar tal acontecimento?
Quando as mãos espalmadas e viris agarram meu traseiro rijo e me sinto dominada por inteiro, pernas carnudas enlaçadas à cintura dele, quando me suspende no ar e suspende o meu ar, marquinha do biquíni feito pipa rebolante e solta no vento, refletida no espelho, quando num arremedo, sem dó, me arremata, ah, Deus do céu, como ainda não há um dia em memória a isso?
E todos os degustares e abocanhares salgadinhos, e o doce da saliva e o agridoce dos fluidos, o roçar da pele e o arranhar da barba, e a jugular pulsante, presa fácil dos dentes dele, e a minha nuca convidativa, ignorada, a reclamar atenção, e a sorte do pulso trancafiado na algema a se contorcer por piedade, por favor, por favor, o hastear da bandeira dele, o cravar no solo, conquistador versus conquistada, e o impiedoso golpe final. Se isso não merece uma data comemorativa, o que mais merecerá?
( IRIS
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