terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sou a terra

Sou a terra.
E como vocês eu tenho um coração, vísceras, veias, braços, coração, pulmões, intestino. Meus olhos choram. E a dor que sinto dói igual a tua dor.
Quando fica insuportável, e acredite sou muito forte, mas tenho um limite.
Não consigo mais segurar. Dos meus olhos saem lagrimas que deságua e desce copiosamente pelos rios que transbordam. Meus pulmões estão entupidos de fumaça, meu estomago já não suporta mais o lixo que voce todos os dias me obriga a ingerir, e sou obrigada a vomitar, pois já não suporto mais segura-los em minhas vísceras. E assim junto com minhas lagrimas vai meu vomito descendo pelos rios.
Meu coração bate forte e descompassado, não tenho mais controle sobre meus domínios. Pois voce não se importou quando estava me destruindo.
Não quero me vingar de voce, sou estou tentando me defender. Em meu ventre voce pode plantar alimentos e flores. Voce é tão importante para mim como todos que eu acolhi no meu abraço. Eu preciso estar completa para fazer a magica de a vida acontecer todos os dias. Preciso do sol, dos mares, das arvores, das montanhas.
Voce destrói minhas encostas, rasga meu ventre polui meus rios, quando choro minhas lagrimas procuram novos caminhos, pois voce modificou meu itinerário.
Sei que voce não tem culpa por me destruir todos os dias, voce não controla mais as suas necessidades e assim vai construindo em qualquer lugar que encontra, e como não se importa comigo, joga seu lixo no meu rosto, e eu não consigo respirar, e nem ver qual caminho que meu pranto esta seguindo. Minhas lagrimas escorreram pelas encostas, desviaram dos obstáculos procurando meus rios, e voluptuosamente forram passando pelo seu quintal, pelas suas ruas repleta de carros, pontes, asfalto.
Cortes que me sangraram e voce nem percebeu.
Sei que voce esta sofrendo, me perdoa? Sua dor é igual a minha. Eu também estou sofrendo perdas irreparáveis, já não consigo alimentar todos os que eu abrigo. Não consigo mais proteger sua saúde, pois estou poluída. Meus marres e meus rios estão repletos de sujeira, minhas florestas sucumbem. Tenho que procurar uma forma de alimentá-lo e não sei como fazer. Se voce conseguir superar a sua dor ajude-me.
Eu quero continuar convivendo com voce, e também quero deixar voce tranqüila e confiante que seus filhos vão viver nesta terra que voce ajudou a sobreviver.